terça-feira, 30 de setembro de 2014

MAIS AMOR, POR FAVOR

Eu acreditava que a sociedade só poderia evoluir. Acreditava que a cada dia teríamos menos preconceito, menos intolerância, mais respeito ao próximo com menos interferência e menos afetação pelas escolhas do outro. Ingenuidade adolescente. Hoje, tenho certeza que tudo pode piorar e piora. Bastou a possibilidade de produção de conteúdo com audiência garantida para as pessoas mostrarem quão odiosas e intransigentes podem ser.

Sei que muitos acreditam que as pessoas se sentem mais à vontade para dizer o que realmente pensam por conta do anonimato ou distanciamento que a internet propicia. Eu acho que não é por aí, as pessoas se sentem à vontade para disseminar o ódio e a intolerância porque sabem que vão encontrar apoio social. Tem dias que abro a timeline do meu Facebook e tenho a impressão que todos os loucos do mundo resolveram marcar encontro lá. E olha que eu pensava conviver com pessoas, em sua maioria, tranquilas, gente boa.

Dói o coração e temo pelo futuro que aguarda meus filhos cada vez que leio comentários decretando morte a uns e outros, ditando regra para vida e corpo alheio, julgando decisões pessoais e crucificando pelo simples exercício da liberdade individual. Faltou aos pais dessas pessoas repetirem um pouco mais o ditado “Sua alma, sua palma”. Tudo bem você achar o aborto pecado ou uma violência (homicídio, né?), pois não aborte! Simples! É pecado? Ok, e se eu não acredito em Deus? Eu vou para inferno? Desculpa, mas se esse lugar existe mesmo e sou eu que vou para lá, porque tanta preocupação. Cada um age em cima do que acredita e carrega o peso das decisões que toma.

Me dá pânico ver que temas tão íntimos como casamento homossexual, aborto, uso de maconha tenham virado as grandes polêmicas dessas eleições. Tanto problema afetando a coletividade e a sociedade preocupada com quem está ou não pecando? Por que não vira polêmica o sistema de educação defasado? O nosso culto idiota ao diploma? A falta de acesso à saúde? Os maus-tratos que as gestantes sofrem durante o trabalho de parto? A reforma política? A reforma tributária? De que forma vamos fortalecer o mercado nacional em um mundo globalizado? O índice de analfabetismo funcional e suas soluções? Com certeza é bem mais fácil decidir se meu vizinho pode se casar com quem ele quiser, ou se sua prima distante pode interromper uma gravidez indesejada. Afinal, essas questões não geram consequências para você.

Nenhum comentário:

Postar um comentário